domingo, 26 de outubro de 2008

Flores em mim

Flores em mim.

Teria tido milhões de pensamentos de uma única vez se soubesse administrar todas estas razões e viveria somente em um universo só dela, sozinha e inatingível como uma estátua. Não haveria de existir olhares intensos ou conversas esclarecedoras, como de fato acontecia. Perdia rápido o senso, voltava a mergulhar nas idéias e logo após um segundo já afundava no marasmo e tédio de sempre.
Reconhecia o valor das coisas, lutava por sempre deixá-las no exato lugar que tirou e nunca, NUNCA ficava por mais tempo do que pretendia. Deixava-os a todo instante, em uma montanha russa de autoconhecimento sem igual, lutando para saber quem era quem nos personagens de sua mente estranha.
Perdia horas olhando para o relógio, quieto, rígido, mas nunca imóvel. Mostrava o caminho das horas longas e dos segundos pequenos, que teimavam em persistir de forma chata e regular, como uma goteira incessante no meio da testa.
Havia deixado caminhos abertos e portas fechadas, talvez por pensar que os caminhos poderiam ser lembrados, mas as passagens pela madeira não. Como cruzaria uma porta trancada? Por mais que tivesse a chave, e tinha, não seria possível. Abri-las doeria muito.
Desistiu de lutar também com aquele sentimento de confiança inquebrável de que o futuro não levaria as pessoas que precisamos, por isso começou a perceber que não poderia mais precisar de ninguém, somente dela. E talvez, nem mesmo ela pudesse ficar, como de fato aconteceu.
Ela se foi, e deixou aqui comigo algo que não sei explicar, deixou em mim algo que não posso escrever, não posso tocar, não posso falar, não consigo entender. Uma parte de mim se foi, a outra também. Hoje sou somente ausência, hoje sou somente saudade.

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